(Perdoem o romantismo saloio e a poesia lamecha mas teve que ser.
A culpa é do chamado "amor à santa terrinha", que parecendo um hábito saloio quando observado nos outros, adquire requintes de verdadeira espiritualidade quando o experimentamos na pele.)
O sol brilha e há lampejos de verdade que se estendem pelo horizonte da meseta e até àquelas serras cobertas de neve, que apenas os olhos experimentados distinguem das nuvens.
Deus é esperto, se existir.
Se existir, já há muito que é águia ou bufo-real e voa entre as ladeiras e as arribas. E é carpa que nada nas pratas do Douro, se existir...Ou então, se existir, foi aquela seara dourada ondulando ao sopro divino, que uma vez atravessei de bicicleta às costas, percebendo, de sorriso no rosto, pernas em ferida e arrepio na espinha o que é o amor telúrico.
Sim, Deus, se por acaso existir, é um menino que brinca entre o planalto e o vale profundo, mesmo antes da planície infinita começar e antes do entardecer, porque depois Deus quer ser um carvalho que brilha à luz morta da Lua e também as estrelas cadentes no céu negro.
Deus é um grilo como os outros que canta as noites quentes de Agosto, é o castanho do Outono planáltico, é o cheiro da terra molhada e o vento cieiro que rasga os dias todos de Janeiro, isto, claro, se existir.
Deus para mim, e se deveras existe, é um pêssego maduro comido no abraso do verão, é bom e é verdadeiro, e pronto!
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2 comentários:
Adorei este post. É uma pérola!
Cheia de amor telúrico e fraterno por você,
P.
Estás perdoado...
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